5º Encontro da Família Tatto
FAMÍLIA TATTO DA ITÁLIA PARA O BRASIL
Martino Tatto, 40 anos e sua esposa Eva Angela Cossalter, 34 anos com seus três filhos, Giuseppe (José) 06 anos, Giovanni (João) 03 anos e Vittório Angelo, de 01 ano de idade, chegaram ao Brasil no dia 11 de abril de 1886, mais de 40 dias e 40 noites de viagem, em condições precárias, terceira classe nos porões de navios úmidos (antes usados por escravos). Martino recebeu um pedaço da terra PROMETIDA, uma colônia de terra em Nova Milano, Farroupilha RS. E depois comprou outra área de terra no município de Nova Pádua, na comunidade do TRAVESSÃO DIVISA. Ali criou seus filhos rodeado de muito trabalho e respeito. Ainda existem as primeiras CEPAS das videiras que Martino trouxe da Itália, essa colônia hoje pertence a um descente do Vittório.
Giuseppe veio para o Paraná, na década de 40, em Vila Nova, hoje Pato Branco, onde seu filho Pedro já estava morando há mais de dez anos. E assim a família se dispersou... perdendo-se contato. Após muitos anos os descentes de Giovanni (João), foram encontrando e reunindo as famílias. Assim surgiram os encontros. Esse foi o quinto, eu consegui participar do quarto, que foi na Linha Pardo, interior de Frederico Westphalen.
Foi uma festa linda! Abençoada e de muitas emoções! Poder conhecer parentes distantes, entender como eram meus bisavós e tataravós e rever os tios, irmãos do falecido pai, não tem preço! Meus avós – Pedro e Escolástica, tiveram nove filhos, dos quais oito nasceram no Paraná (Olívia, Luiz, Julio, José, Maria, Agostinho, Antônio e Mario; Apenas Lucia nasceu no Rio Grande do Sul e veio para Paraná com apenas 40 dias de vida). Hoje somente dois vivos. Ter foto deles com meu filho é muito gratificante!
Tio José, com 84 anos e meu padrinho tio Antônio, com 76 - os filhos do Pedro Tatto e da Escolástica Scatolin Tatto.
Meu vô Pedro, pioneiro de Pato Branco, deixou um legado, lembrado e reconhecido até hoje, passado 42 anos de sua morte. Meu pai, Julio e seus irmãos, seguiram a linha de Pedro, doando para a comunidade parte de seu patrimônio. A última doação do meu pai, ainda em vida, no ano de 2009, foi um bosque, localizado no Bairro Fraron, onde será construído um colégio Estadual, que levará o nome de meu vô Pedro. Passado mais de 12 anos, saiu a licitação da construção da tão aguardada escola.
Tanto meu pai, Julio, quanto meu vô Pedro e meu bisavô Gisueppe (José), seguiram o ensinamento e a filosofia do tataravô Martino. Foram colaboradores, contribuidores e construtores de uma comunidade próspera. Se doaram e doaram muito para o município, assim como os demais descendentes de Martino (o Giovanni e o Vittório).
'Procurai a paz e a prosperidade da cidade, para onde vos fiz transportar. Orai por ela ao Senhor; porque se ela prosperar vós também sereis prósperos ' Jeremias 29:7
Família Tatto história e testemunho de Vidas
O texto a seguir, foi apresentado na homilia da missa da Família Tatto – no 5º Encontro em Pato Branco, no dia 30 de Abril de 2023, por Claunir Antonio Tatto. Ele faz parte da quinta geração: Claunir Antonio Tatto é filho de Leonides Angelo Tatto e neto de Maria Madalena Tatto, bisneto de Giuseppe Tatto e tataraneto de MARTINO TATTO. Contribuiu com esse texto, com a finalidade de que mais descendentes busquem saber sobre sua maravilhosa descendência.
DE ONDE VIEMOS?
Nos anos de 1848 a 1871 a Itália vive um processo de reunificação expulsa de seus territórios os invasores austríacos.
A Itália era dividida por 08 reinos independente em 1849, Vitor Emanuel II assume como rei do Reino de Piemonte-Sardenha e se une ao conde de Cavor. Camilo Benso (mentor do movimento de unificação) como ministro da guerra e com grande ajuda do líder militar Capitão GIUSEPPE GARIBALDI, com seu 1000 soldados ajudam a unificar a Itália, que depois de muitas lutas no ano de 1871, se torna agora um novo país de monarquia parlamentarista e Vittorio Emanuele II se torna rei da Itália (motivo da unificação, formar um grande exército para defender-se de seus invasores).
Reino da Itália, estava enfraquecida economicamente depois de 23 anos de guerras internas a região norte Itália (mais pobre) se encontra populosa faltando comida, trabalho e condições mínimas de sobrevivência e ainda em suas fronteiras países vizinhos também estão na mesma situação e o povo não tem uma saída
Fácil.
O Reino da Inglaterra super potência da época, Rainha Vittória, sugere ao rei Vittório Emanuel II da Itália a solução de buscar um novo destino para os seus compatriotas e a AMERICA era o destino adequado, aqui os escravos estavam sendo abolidos, tinha muita terra e muito trabalho e falta de mão de obra, uma nova ESPERANÇA surgira para este povo sofrido a de reconstruir suas vidas e formar famílias e o BRASIL fora para eles o melhor destino.
O Império Brasileiro financiava o custo da viagem, pois precisavam de trabalhadores e principalmente de imigrantes europeus brancos e católicos era indispensáveis para formação de um novo país. Como pano de fundo o BRASIL ainda era uma colônia portuguesa elevada a império governado pelo imperador D. PEDRO II.
Curiosidade do ano de 1875 até 1900 nestes 25 anos vieram 570 mil imigrantes italianos ao Brasil e todos do norte da Itália e fixaram-se principalmente nos estados SP, PR, SC E RS.
Neste ambiente encontrava-se uma jovem família: Martino Tatto, 40 anos e sua esposa Eva Angela Cossalter, 34 anos e seus três filhos, Giuseppe (José) 06 anos, Giovanni (João) 03 anos e Vittório Angelo de 01 ano de idade.
Imaginamos o quanto de coragem e esperança carregavam em seus corações! Que tinham que percorrer durante o INVERNO, deixando para trás amigos e familiares. Saíram da localidade de sua cidadela Feltre província de Belluno e percorrem mais de 440 km em seu país para chegar ao porto de Genova, viajavam por trilha em cavalos ou de carroças pelos alpes e desfiladeiros, caminho cheio de perigo que demoravam mais mês - “lembremos dos 03 filhos.”
MEU DEUS COMO CONSEGUIRAM! Será um MILAGRE?
No dia 21 de fevereiro de 1886 já no porto de Genova fizeram o passaporte “UMA FOLHA DE PAPEL”, depois entraram em num navio a vapor e cheios de esperança e coragem para enfrentar mais uma viagem, entre a Itália até o porto de Santos e depois para a serra gaúcha percorrendo mais de 10.200 km que duravam média de 40 a 50 dias e em condições precárias, terceira classe porões de navios úmidos (antes usados por escravos). Nestes porões existia também alegrias, contos, danças e cantorias, mas também eram expostos a doenças e acometidos de surtos de piolho, cólera ou sarampo. Como também não havia como tratar dos doentes, muita gente não conseguia chegar ao destino final e morriam na viagem.
Neste êxodo da família Tatto chegaram ao Brasil no outono brasileiro no dia 11 de abril de 1886, mais de 40 dias e 40 noites de viagem.
ONDE ESTAMOS
Agora em terra firme, ainda eram depositados em um pavilhão mais uma quarentena sanitária de até 30 dias até ter certeza que estavam livres de doenças e só depois recebem um pedaço da terra PROMETIDA. Uma colônia de terra em Nova Milano, Farroupilha RS.
Depois comprou outra área de terra na cidade de Nova Pádua, na comunidade do TRAVESSÃO DIVISA (NOSSA PRIMEIRA CASA NO BRASIL). Aqui sim criou seus filhos rodeado de muito trabalho e respeito, ainda existe as primeiras CEPAS das videiras vindas da Itália, a “Cozina” construída em 1909 onde toda a família fazia as refeições, recebiam convidados “filós” o diálogo era frequente onde o fogo que nunca apagava, uma réplica da casa do Martino que era o lugar dos quartos e o porão onde se guardava os mantimentos e o Capitel Devoto as ALMAS do Purgatório construído no anos 1920, terreno doado por MARTINO, para esta construção dela e de todos os prédios da comunidade católica igreja local de religiosidade e profissão de fé e o pavilhão com sua bodega e cancha de bocha, local de muita diversão e confraternização.
Doar-se para o próximo e à sua comunidade realizava-se o grande MARTINO muito católico pois na Itália fazia parte da comunidade eucarística, semelhante a um ministro de eucarística aqui no Brasil.
Curiosidade, este terreno foi registrado em nome das almas do purgatório, está lá só ir visitar! A colônia de Martino, pertence hoje a um descendente do Vittório.
NESTA NOSSA PRIMEIRA CASA, seus filhos crescem e chega o momento de buscar mais terras e com o espírito explorador os irmãos JOSÉ E JOÃO (GIUSEPPE E GIOVANNI) lançam-se pelo interior do Rio Grande do Sul.
Martino e seu filho mais novo Vittório agora casado com Giacomina Capelari ficam na propriedade no Travessão Divisa em Nova Pádua, onde está sepultado no Cemitério Central, junto com a segunda esposa a Tereza Perotto quem ajudou a criar seus três filhos.
NOTA: “Eva Ângela, morreu pouco tempo depois que chegou ao Brasil e foi sepultada em Nova Milano, distrito de Farroupilha, primeira colônia de terra, aquela que recebeu quando aqui chegou. Existe uma história contada por Leonides Angelo Tatto e confirmado pelo José Tatto netos de Martino, que a Eva Ângela, faleceu durante o parto do quarto filho “precisamos pesquisar mais”.
Com os filhos ainda pequenos após a morte de Eva, Martino casou-se com Tereza Perotto.
Em 1925, dois irmãos Giuseppe (José) e Giovani (João) partem para a região nordeste gaúcho - Palmeiras das missões, e em Barril, Frederico Westphalen compram uma área de terra na comunidade hoje chamada São José, homenagem dada ao Giuseppe (José) Tatto, que doou a terra para a construção desta comunidade.
Ali permanecem, Giuseppe (José) Tatto e seu irmão Giovani (João) Tatto, desce até o Lajeado do Pardo (São Francisco do Pardo), onde em 1928, construiu um moinho e uma serraria, duas importantes fontes de recursos e prosperidade.
NOTA: aqui também (Giovanni) João Tatto, abre mão de parte de suas terras e doa para construção da comunidade, igreja, pavilhão, ajudou a construir a escola e cemitérios, deixando mais um legado de alguém que se preocupava pelo bem da sociedade.
Giuseppe (José Tatto) vendera um cavalo para um colonizador que explorava a região Sudoeste do Paraná, na época chamada de VILA NOVA, hoje PATO BRANCO, no ano de 1929, já que não recebia o combinado pelo animal encilhado, seu filho PEDRO TATTO veio para esta cidade cobrar a conta, onde recebeu 80 alqueires de terras em pagamento.
Voltou para o Rio Grande e muito encantado com essa região convenceu seus pais José Tatto e Marcolina Castagnara Tatto, a mudarem para o Paraná. Pedro trás também sua jovem esposa Escolástica Scatolin Tatto, sua primeira filha Lucia, também nesta mesma viagem vem sua Irmã MARIA MADALENA. O era ano 1930, viajaram para PATO BRANCO, durante 40 dias a carroças e cavalos por picadas e caminhos íngremes como fizeram o que dantes todos os TATTOS fizeram, trabalharam e construíram suas vidas com muito suor e dignidade.
Hoje colhemos os Frutos destes que tanto lutaram, mas que nunca desistiram do ideal que era trabalhar para construir um mundo mais justo e solidário. PATO BRANCO tem em sua municipalidade muitas realizações com DNA de nossa família em suas terras foram construídas o Aeroporto municipal, o estádio de futebol Os Pioneiros, temos homenagens com nomes de ruas e escolas, vale lembrar que PEDRO TATTO fez parte da comissão da construção de nossa MATRIZ SÃO PEDRO APÓSTOLO. O saudoso Frei Policarpo, que fora o mentor da construção e viveu sua vida aqui desde 1956, até sua morte em 04/10/2020, falava dos 5 PEDROS que lideraram a construção, entre eles estava o TATTO.
Aqui também tiveram uma pequena fábrica de gasosa, criação de bovinos e suínos além de lavoura e sócio da primeira serraria.
QUEM SOMOS! Os descendentes de MARTINO E EVA ANGELA, que somos a terceira, quarta, quinta e sexta geração, estamos espalhados até onde se sabe principalmente nos estados do RS, SC, PR, SP, MS.
Ainda trazemos em nossas veias o trabalho e o progresso, somos inovadores e temos em nosso DNA, um legado de nunca deixar de trabalhar e realizar aqui boas obras, uma CARCATERISTICA HERDADA DE NOSSOS ANTEPASSADOS de doar-se à comunidade tanto em bens MATERIAIS como também em trabalho gesto de fraternidade que LÁ na mama ITALIA um dia MARTINO E EVA desejaram, sonharam e plantaram em nossos corações e hoje cabe a nós o compromissa de nunca deixar de realizar.
Que o BOM DEUS continue sempre nos ABENÇOANDO! Que a Fé seja para cada um de nós um compromisso com aqueles que vieram antes de nós e que devemos ter ESPERANÇA por um mundo ainda melhor e que a CARIDADE esteja presente por todos que de nós vier a precisar.
O Padre Irineu Caus, oficiou a Missa da Família Tatto
A seguir algumas postagens das redes sociais, a entrevista com o escritor Antoninho, no canal do Youtube e as fotos do evento.